Museu mostra a cachaça artesanal em seu aspecto produtivo e sociocultural
BELO HORIZONTE [ ABN NEWS ] — Foi inaugurado nesta quinta-feira (20/12), em Salinas, no Norte de Minas, o Museu da Cachaça, o mais importante aparelho cultural da região, que abriga, além do museu, um centro cultural e área de convivência. O vice-governador Alberto Pinto Coelho, acompanhado da secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, participou da inauguração.
O novo espaço cultural recebeu o nome do ex-deputado Aécio Ferreira Cunha (1927-2010), pai do senador Aécio Neves, responsável por dar início ao projeto, em 2006. O Museu é fruto da parceria entre o Governo de Minas, que investiu cerca de R$ 4,5 milhões no equipamento, que vai gerar 20 empregos diretos e cerca de 100 indiretos, e a Prefeitura de Salinas, que doou o terreno de 13 mil metros quadrados. O Museu da Cachaça funcionará de quarta-feira a domingo, de 9 às 19 horas, no bairro Casa Blanca, com entrada gratuita.
Para o vice-governador Alberto Pinto Coelho, que coordena o Fórum da Cachaça, criado pelo Governo de Minas com o objetivo de estimular a produção de qualidade, o Museu da Cachaça representa mais um impulso para o desenvolvimento da cachaça artesanal da região.
“O Museu da Cachaça é uma conquista valiosíssima para Salinas. Ele me surpreendeu muito pelo que representa em termos de qualidade da obra realizada, do conteúdo da história da cachaça e da dimensão do empreendimento, que também será um centro de convivência e educacional. Tenho certeza que atrairá turistas que queiram não só beber e experimentar a boa cachaça, mas conhecerem sua produção. Portanto, é algo que representa muito para o desenvolvimento da região”, afirmou Alberto Pinto Coelho, após visitar as instalações.
Destaque internacional
Entre suas propostas de atuação, estão a difusão do conhecimento sobre a produção da cachaça como bem patrimonial da comunidade local e do Estado, assim como a promoção e a preservação de todo o patrimônio da cadeia produtiva do produto genuinamente brasileiro.
Além disso, serão promovidas ações educativas para o público escolar e comunidade em geral sobre o consumo responsável da bebida e os processos de produção e de circulação. Também o setor turístico será valorizado ao atrair para a cidade público variado: empresarial, pedagógico, cultural, local, regional, nacional e internacional.
A secretária Eliane Parreiras lembrou que o Museu da Cachaça já nasce com a perspectiva de divulgação internacional, já que a cachaça artesanal de Salinas será um dos destaques de Minas, que representará o Brasil no Madrid Fusión, principal evento de gastronomia do mundo, a ser realizado em janeiro, na Espanha.
“É um equipamento cultural que não só apresenta a cachaça além dos seus aspectos produtivos e econômicos, mas principalmente do seu aspecto como identidade cultural de Minas, do povo de Salinas e da região do Norte de Minas. O Museu já nasce como uma perspectiva de divulgação internacional. A cachaça de Salinas e o Museu da Cachaça estarão presentes com destaque no Madrid Fusión, já então na sua primeira inserção mundial, como esse centro de excelência na produção da cachaça” disse.
O Museu
Projetado pela arquiteta Jô Vasconcelos, o Museu da Cachaça está instalado em um terreno de 13.120m², sendo 2.200m² de área construída, 1.250m² de área expositiva, 2.500m² de espaço de convivência e 950m² de espaços administrativos.
Os ambientes foram criados com base em dois conceitos. O primeiro é o socioeconômico, no qual a cachaça artesanal está retratada em aspectos de produção, circulação e consumo, gerando uma visão antropológica do produto. O segundo é sociocultural, em que a bebida é fruto do imaginário coletivo, unindo grupos sociais por meio de seu uso.
A proposta museológica está distribuída entre as nove salas – Hall de Entrada, Sala dos Canaviais, Sala das Garrafas, Sala do Engenho, Sala do Moinho, Sala do Aroma, Sala Multiuso, Sala de Terra Batida, Sala de Depoimentos.
Terminada a parte museografada, o Museu da Cachaça ainda oferecerá aos visitantes biblioteca, brinquedoteca, restaurante, área de ação educativa e de degustação de cachaça. Na parte externa, terá um palco para shows e eventos, teatro de arena e três fornos para a queima de cerâmica.
O projeto do Museu da Cachaça traz como novidade a implantação do ‘Núcleo de Imagem Projetada’ (NIP), que pretende ser um local de introdução da tecnologia digital para jovens e adultos. A produção multimídia gerada em oficinas deverá ser transformada em conteúdo de exposição de forma que a população tenha o espaço do museu como um ponto de referência para a discussão da vida cotidiana em torno do produto que gera o reconhecimento internacional da cidade.
Homenagens a Anísio Santiago
Durante a cerimônia, o produtor da renomada cachaça Havana, Anísio Santiago (1912-2002), recebeu homenagens. A família de Santiago, representada por Oswaldo Mendes Santiago, um dos filhos de Anísio, e os Correios lançaram o selo personalizado que marca o centenário de nascimento do produtor. Um busto de bronze com a imagem de Anísio Santiago foi descerrado na Praça Dr. João Cardoso, no centro da cidade, também para homenageá-lo.
Elaborada sob alto padrão de qualidade, em pequena escala de produção desde 1946, a Havana consolidou Salinas como a ‘terra da cachaça’. Em 2006, a marca foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas. Em julho deste ano, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu o título de indicação geográfica à cachaça produzida nos alambiques de Salinas, selo que dará ainda mais credibilidade ao produto artesanal do Norte de Minas.
O prefeito de Salinas, José Antônio Prates, fez questão de destacar o pioneirismo de Anísio Santiago. “Minha reverência eterna a Anísio Santiago, que nos deu o mote, o caminho, o pretexto e a legitimidade para termos reivindicado essa obra. O Museu é um reconhecimento da identidade do povo de Salinas”, afirmou.
Segundo a Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), a microrregião de Salinas possui cerca de 30 produtores, responsável pela fabricação de 5 milhões litros/ano e a geração de 2 mil empregos diretos no período da safra. A cachaça de Salinas é comercializada através de mais de 50 marcas, incluindo a Havana. O principal mercado é o nacional.
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